A Última Doma
Dari Sortica
Era oito de dezembro, a festa da Imaculada
O dia vinha raiando e a doma estava tratada
O pai segura o cabresto, o filho monta o redomão
O silêncio imperava no chão duro do estradão
O maula já bem esperto enganou o domador
Fingindo-se de amigo, mostrou que era bom ator
Saiu troteando macio como quem é de confiança
Tudo isso estava armado naquela grande lambança
Vem e vela por teu filho, ó Santa mãe de Jesus
Lembra-te do filho amado, dependurado na cruz
A família toda em pranto, te pede em oração
Beija a fronte do teu filho, dá saúde ao pobre peão
(E ela ouviu esse pedido e deu saúde ao pobre peão)
Não é dia de trabalho disse a mulher ao marido
Vamos juntos à Igreja esse é o meu pedido
Mas o marido insistia que a lida o chamava
Pois o pão era escasso, e por isso ele domava
Naquele dia de trevas, o cavalo se jogou
Por sobre o domador e seu corpo ele esmagou
Não conseguiu abrir vaza, quando o potro esteve em pé
Essa foi a última doma, mas não o fim da sua fé
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